terça-feira, 15 de novembro de 2011

Não pode haver expectativas

Eu peguei a rodovia errada.

Na esquina de um abismo, o mundo inteiro ecoava ali, e me dizia que eu não tinha meios de abraçar aquilo. Aquilo era o vazio. E não é possível preenchê-lo com braços, ou sentenças
(nada disso parece genuíno)
O vazio desceu gelado meu estômago, e um calafrio escorreu meus dedos.
Eu engoli o ar dali, e não tinha gosto de nenhum sentimento - guardei todas as pedras no meu pulmão, para que elas também se mexessem. Fiz isso num estado de força conformada, não tinha dor em lugar nenhum.
Minhas orelhas ficaram vermelhas, e eu senti vergonha de existir.
Fotografei toda a paisagem, mas não consegui fotografar o frio. Havia um sorriso congelado a esquerda, com olhos vidrados de realização, daqueles que se veem no fim da vida.
Não contemplei. Minhas juntas reclamavam.
Os olhos e as solas do pé ardem, são versos repetidos (avessos)
Jamais quis escutar, o ser é aquilo que seu limite percebe (permite)
Meus horizontes apitam descanso.
Eu gritei, mas não ecoou.

3 comentários:

  1. Sua genialidade é que me dá vergonha de existir! Parabéns mil vezes pelo blog inteiro Danna, tirei meu chapéu.

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  2. Que coisa mais bonita de se receber (: obrigada, de verdade

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  3. e a existência de coisas tão lindas que nem vocês duas com essas palavras de carinho aí me dá orgulho do mundo. (:

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