terça-feira, 20 de dezembro de 2011

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o tempo satisfaz uma espera que é de vontade,
como estar por um fio no Estar
e a sensação de dentro de vidro, que faz os passos ficarem mais incertos, mais longe do chão a cada pisar, como constantemente a errata do não-voar.

eu gosto de olhar para os meus pés enquanto ando e falar bem baixo todos os meus segredos quando o vento sopra forte e as vozes uníssonas são ruído.

o vento veio e secou o suor das minhas mãos, ele não trouxe ninguém de volta. é o mesmo desencorajamento de sempre,
mas dessa vez respirar foi um fiapo de corrente de alívio.
quando uma resposta está apenas no caminho da espera, sua existência independe de interlocutor,
é um caminho etéreo - não há elemento físico, apenas a expectativa: quando o peito engole as palavras que vibram no ar.
sempre almejo ser alguém melhor, desejar bom dia aos mal humorados. É silenciosa a minha existência,
não são muitas as palavras que sei dizer.

Nós temos um problema, é uma estranheza que causa isso,
de respirar.
mas seus amigos jamais estarão embriagados o
suficiente pra entender
que esse mundo
pulsa

sábado, 3 de dezembro de 2011

Sleep/Swim

é verde água! essa sensação está nas minhas unhas e quando
eu fecho os olhos o céu se enche de bolhas desencontradas.
eu prendo a respiração até o entorpecimento, e meus sentidos
quase se esvaem nesse devir dormir - afogar
Remete a um sentimento sem nome de quase infância, quando
meus braços são pressionados por um laranja que não existe.
Todas as minhas criança que nunca nasceram ficam em silêncio,
suas respirações me fazem flutuar.
O mundo é azul, têm sorrisos em forma de peixes presos
no meu cabelo. A existência é compartilhada com a solidão,
e não há torpor mais maravilhoso que esse - quando
o escuro tem cor os sentidos não existem mais.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Morning Drums

Era tempo demais pra sentir vontade de dormir, e qualquer descrição não satisfazia. Havia um limite de escrita, e tudo parecia errado.
-este é o mundo que sentiu preguiça de ter medo, você pode se deitar agora.
fim.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Não pode haver expectativas

Eu peguei a rodovia errada.

Na esquina de um abismo, o mundo inteiro ecoava ali, e me dizia que eu não tinha meios de abraçar aquilo. Aquilo era o vazio. E não é possível preenchê-lo com braços, ou sentenças
(nada disso parece genuíno)
O vazio desceu gelado meu estômago, e um calafrio escorreu meus dedos.
Eu engoli o ar dali, e não tinha gosto de nenhum sentimento - guardei todas as pedras no meu pulmão, para que elas também se mexessem. Fiz isso num estado de força conformada, não tinha dor em lugar nenhum.
Minhas orelhas ficaram vermelhas, e eu senti vergonha de existir.
Fotografei toda a paisagem, mas não consegui fotografar o frio. Havia um sorriso congelado a esquerda, com olhos vidrados de realização, daqueles que se veem no fim da vida.
Não contemplei. Minhas juntas reclamavam.
Os olhos e as solas do pé ardem, são versos repetidos (avessos)
Jamais quis escutar, o ser é aquilo que seu limite percebe (permite)
Meus horizontes apitam descanso.
Eu gritei, mas não ecoou.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

95 dias

Meus melhores amigos foram engolidos pelo vento.
O silêncio deu conta da loucura compartilhada e ficaram todos mais cabisbaixos.
A estiagem ressecou os sentimentos e o amor não é mais úmido - virou uma crosta dura e esquecida, que tomou nos corpos a proporção de defesa.
Saudade virou um tempo inventado, e distância um objeto que cabe no bolso e pode ser medido em
assobios. mas as bocas, secas, só se prostram a cuspir hostilidade, que seca no ar antes de alcançar o chão, bem como as lágrimas, antes de perpassarem bochechas atônitas.
O ar é denso, permeado de coisas desditas e mágoas desconfiadas
que viram sorrisos meio rasgados e olhos meio revirados.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Infinito.

A repetição tem mania de mim -
eu tenho sobriedade nas minhas palavras quando digo que estou enlouquecendo.
e o que tenho para oferecer é um disco quebrado, um abraço partido.

E pode até ser que o mundo doa,
mas dói separado.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Dressing Table

Existe uma epopéia chamada "ensaios para a transfiguração de bigornas", onde é defendida a teoria do consentimento caótico - Eu aceito a sua loucura, e você busca em mim instabilidade; Viveremos felizes até o amanhecer, que é quando as trevas, iluminadas, rendem-se à sanidade.

Tal passagem é desmentida, quando publicaram o seguinte argumento:

         "A natureza notívaga de begônias adormecidas pode ser simulada,
         uma vez que a Luz, em seu âmbito essencial,
         perde suas características inerentes quando apagada."

Eu te amo.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

sem título IV

A resposta demorou três dias. Era assim:

"Prezado,

acordo aos termos previamente estabelecidos,
sua solicitação será desconsiderada
mas meu íntimo grita por aceitação.

Att"

sexta-feira, 6 de maio de 2011

You'll never be what is in your heart

Tenho muitas alergias. O bolor que encrosta o mundo é uma delas -
a minha alma cósmica incha a cada espirro metafísico. e eu me volto a
mim.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

quinta-feira, 21 de abril de 2011

I

A crônica de quem escreve. isso é
um escombro de vontade. e tem pés demais pisando
o chão. É necessário um distanciamento semântico(dessa vez
sem o palito) e o questionamento do necessário. "o que se diz é o que
se fala?"
A acentuação faz os tornozelos ficarem mais altos. "o amedrontamento
é real?". Receio que sim, capitão.
e na verdade, o medo era o da
negação. uma vontade
(fim)

II

-escutei meu nome o dia inteiro. Isso
pode ser um prelúdio do fim.
Confessou baixo, e também:
"chorei até me desencontrar"

não dei ouvidos.
podia ser medo de muita coisa,
ou vontade de coisa nenhuma

-isso é um clichê lingüístico.
eu não me desencontrei por você, foi
em mim mesmo.

A sua vontade tem gênero?
na verdade, eu só queria ir embora.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Astronauta

- eu não pedi sua ajuda.
E o melhor auxílio é de fato esse, como que caído do céu.
- e além do mais, você não se parece com
quem veio do céu.
"e já esteve lá para saber?"
Lembrou-se então que já morrera, sentiu o gosto das nuvens
e flutuou. Não havia de ser outro lugar.
Protelou:
- nem que viesse de debaixo da terra e me prometesse os
segredos do universo. Peço que se vá.
E não foi. O tempo transmutava e, naquele espaço,
instalou sua eternidade - como que dentro de vidro -
seus dedos do pé cresceram para raízes.
Até a salvação:
(reticências)

Esse texto não tem nome, mas tem a ver com escutar pelo IdA de cênicas

-Vou arrancar seus olhos com soda cáustica.
"ah que vida intinerante!"

não tenho entedimentos da semântica,
pensava como que pedra, ou espeto: machucador,
pois essa palavra é áspera e esfola a carne dos braços.
"eu adoro galinhas!"

e não havia sentido na adoração.
O que me doía, era o passamento da dor,
e sua apropriação de minha existência -
a transcendência do estrago metafísico
(e o físico logo se consumaria)
"cala essa boca, eu não vou repetir!"

na página cinco, e ouvindo palavras invisíveis
entre paredes transparentes.
"para a sua informação"

e não havia informação, só a vontade
do medo, ou algo que horrorizasse.


quarta-feira, 30 de março de 2011

F.

E de repente não havia mais
verdade.
Era o Caos e o Ser. Um amontoado
de lagartos que banhavam colibris

O fim do verbo - a vontade de
amarrar cabelos curtos demais
E amar

quarta-feira, 16 de março de 2011

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Eu dizia que o tempo
parava
e ninguém acreditava
porque a Terra ainda
girava
e o dia nascia e morria
eu entendi
que eternidade não é
quando o presente não acaba.

terça-feira, 15 de março de 2011

pt. IV de IV

Um tabefe se fez necessário. Em seguida a reconciliação:
- isto não é um desapego. Eu te desadoro
Posto que
Mentira; desadorava a sobra do momento, a adoração se fazia em cada suspiro
Fim

.

Coçou os olhos em busca de um delírio. encontrou a carne das pálpebras e sentiu que enxergaria através delas
Ao longe anunciavam "os interessados que se atirem. a ponte é de domínio público."

pt. II de IV

"meus pensamentos são tão pontudos que poderia lhe furar os olhos"
não o fez
"a claridade me incomoda tanto que taparia o Sol com uma peneira e faria dar certo só por teimosia"
não o fez
etc etc

A razão dessa escrita (e por que não dizer, escritura) são os desacontecimentos da vontade.

Blowing Lungs Like Bubbles

É como esperar o tempo da descência para amar alguém - não há amor que se faça indecente ou sentido que seja durável.

domingo, 13 de março de 2011

pt. III de IV

virou pro lado - enfartou-se das
sugestões.
posteriormente, infartou-se delas

ato

O final sempre se perde.
esse é o princípio de uma narrativa sobre nada. Inconstantemente, essa falta de existência alimenta a alma em um (num) estado de plenitude. como tentar arrancar um buraco, ou apossar-se de deslugares, desnomes, etc etc
(acho importante frisar que "desnudo" não cabe ao contexto. O vazio de roupas, muitas vezes é consequência do espírito)